É comum o argumento de que, nos dias de hoje, há um excesso de informação circulando. Estamos o tempo todo conectados recebendo e produzindo conteúdos. A facilidade de acesso, a informação na palma da sua mão, os avanços tecnológicos, realidade aumentada, nanotecnologia, inteligência artificial, algoritmo, todos esses termos se tornam cada vez mais comuns. Mas comuns para quem?
No Brasil, 64,7% da população com idade acima de 10 anos possui acesso à internet, isso significa que 63 milhões de brasileiros ainda estão desconectados. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), divulgadas no início do ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Parte da população offline não tem interesse em acessar as redes, além disso, não saber usar ferramentas online ou o alto preço do serviço dificultam o acesso.
A tão sonhada democratização da informação parece longe de ser alcançada, embora muitos ignorem os mais de 45% de brasileiros sem acesso à internet e propaguem o discurso de sociedade conectada. Para quem estamos falando quando criamos conteúdo?
O serviço de acesso à Internet não está disponível na área do domicílio de 8,1% da população. Esse número tem diminuído, mas não pode ser ignorado. Os avanços são importantes e devem ser buscados, mas a garantia do acesso básico deve ser discutida, pois ainda não é realidade.
Outra questão a ser pensada é a qualidade do que está disponível. Nessa onda de fake news e clickbaits, as informações que nos cercam têm realmente um conteúdo significativo? Estamos gerando conhecimento? Enquanto produtores de conteúdo, é nossa preocupação buscar a melhor maneira de comunicar. Nesse cenário, em que a divulgação nunca foi tão fácil, o pensamento crítico e o compromisso com a informação se tornam fundamentais.
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