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Jovem cristão: um ponto fora da curva

As escolhas de quem se dedica ao cristianismo e à vida com Deus

Por Francine Cardoso e Thatyana Benetello

Em meio a tanta correria, estudos e festas no meio dos jovens do mundo de hoje, percebemos um grupo que vem crescendo cada vez mais e se difere nesse contexto: os jovens envolvidos com o cristianismo. Mesmo diante de tempos onde os dias passam como o vento e as dificuldades são acumuladas junto com questões pessoais, esses jovens se empenham em levar alegria e esperança, com base na fé que guardam em seus corações.

 

De acordo com o evangelista Pedro Felippe,  formado no Seminário Presbiteriano reverendo Denoel Nicodemus Eller, a juventude de hoje é mais ativa na procura por corresponder suas demandas emocionais e espirituais: “Com esse novo comportamento social pós moderno, cada indivíduo transita por todos os campos epistemológicos possíveis, e a partir daí se estabelecem numa ideologia que seja coerente, ética e fundamentada em evidências concretas. Aliando esse comportamento pós-moderno ao maior acesso a informações, os jovens têm permanecido em causas como a cristã, porque têm um caráter esclarecedor.”

Para o estudante Gustavo Cardoso Lima, 21 anos, católico e atuante na religião, essa busca dos jovens pelas igrejas vem por uma demanda de suprir as necessidades naturais do ser humano.

“A maneira de evangelizar se atualizou. A linguagem mudou, se adaptou ao tempo, se tornou mais moderna e mais atrativa. Movimentos como a Nova Evangelização, que surgiu no México, e a Renovação Carismática Católica falam um pouco mais a língua das pessoas, principalmente da juventude”, afirma Pedro Cardoso. Para ele, os grupos de juventude que começaram a ser formados recentemente nas igrejas cristãs criaram um ambiente propício para a participação desse público dentro das igrejas: “Antigamente, a evangelização como a catequese era vista como uma coisa forçada, um pouco obrigatória. Mas essa estrutura do grupo de jovens é algo que atrai por causa do contato com outros jovens e uma maneira de tratar a religião na linguagem do próprio jovem”.

Lucas Sodré, também estudante católico, já participou da coordenação de um grupo chamado Jovens Evangelizadores de Cristo, ou JEVAC, da paróquia de Santa Cruz do bairro Bandeirantes. Ele fala sobre as atividades realizadas pela equipe: “A gente tinha camisa, tinha um grupo, fazia reuniões todos os domingos às 10 horas, organizávamos retiros, fazíamos show de prêmios, bingo, rifa, tudo pra arrecadar dinheiro para nós mesmos suprirmos e fazer os retiros. E a gente mesmo coordenava, chamava pregadores, a gente mesmo pregava, e isso é muito bom porque a palavra de Deus fortalece muito”.

Nesses grupos, os jovens sentem-se motivados a moldar a religião de acordo com o seu contexto, mas sem tirar a mensagem principal. É o caso da banda Tributo Santo, que nasceu há cerca de sete anos a partir de cinco amigos que gostavam de ouvir rock e tiveram a ideia de tocar músicas cristãs. Victor Garcia, protestante e guitarrista da banda fala sobre sua experiência: “A gente tocava mais música congregacional que é bem mais aceito dentro das igrejas, mas de um tempo pra cá esse estilo tem tido mais aceitação e até tem surgido mais bandas de rock. Inclusive existe a Caverna do Rock, que é uma igreja protestante voltada para esse público.”

 

Espaço para desenvolver dons

“À medida que esse jovem vai se envolvendo intensamente com o cristianismo, vai desenvolvendo as habilidades que já lhes são natas como, por exemplo, a comunicação, a compaixão, a empatia além de destrezas em utilizar os meios de comunicação e suas tecnologias de forma esplêndida”, afirma o evangelista Pedro Felippe, ressaltando que a vida dentro das igrejas traz muitos benefícios além das respostas a questões pessoais.

Inclusive há história de muitos cantores hoje famosos, como Beyoncé e Katy Perry, por exemplo, que começaram a desenvolver seus dons nas igrejas, o que acontece ainda hoje. “A pessoa ali aprende a tocar violão, aprende a tocar um outro instrumento, aprende a cantar. A pessoa aprende ali a ter um dom e aprende o que ela pode fazer de melhor”, aponta o estudante católico Lucas Sodré.

Além de desenvolver dons, e encontrar respostas para muitas perguntas, os jovens cristãos afirmam que a igreja é um lugar onde muitas amizades, namoros e até casamentos são formados: “Quando tem amizade dentro da igreja é demais. Isso é o que eu acho que mais fortalece. Porque vem a dificuldade, a gente sana e vem o momento de alegria. E o grupo é muito bom porque pessoas ali dentro encontram a metade da laranja, como pode-se dizer”, diz Lucas.

Passar a juventude nos princípios cristãos, muitas vezes faz com que a pessoa siga esse pensamento pelo resto da vida. É o caso de Ana Cristina Dias, que foi criada dentro de uma família cristã protestante e hoje, aos 51 anos, é professora de adolescentes na Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora e passa os ensinamentos aprendidos e vividos durante sua juventude:

                         

 

Mesmo diante de tempos onde os dias passam como o vento e as dificuldades são acumuladas junto com questões pessoais, percebemos um grupo de jovens empenhados em levar alegria e esperança na fé que guardam em seus corações.

 

Escolhas no amor

Esse conceito os leva a formar uma ética e caráter diferenciados por ter sua formação de valores baseada na Bíblia, seguindo princípios que muitos consideram ultrapassados.

Um ponto que para muitos pode parecer distante, mas que é uma realidade para a maior parte dos jovens cristãos é o sexo depois do casamento. A sexualidade está à flor da pele nessa idade, mas a Bíblia instrui que só se deve ter essa relação íntima dentro do matrimônio. Uma questão que traz para muitos um desafio, que só pode ser vencido com a fé. Nicolle Reis, da Igreja Metodista, 21 anos, explica sobre essa questão presente em seus valores: “Esperar não é uma obrigação. A igreja não proíbe isso, mas prega o que está na Bíblia. E de acordo com a Bíblia o sexo antes do casamento é um pecado contra seu próprio corpo e isso está dentro da imoralidade. Esperar pelo casamento é um privilégio, um presente de Deus, porque eu creio que a virgindade você não perde, mas dá de presente para o seu marido. É um presente para ambos.”

 

 

 

Os jovens cristãos não se abstém apenas do sexo antes do casamento, mas de outras coisas comuns no meio juvenil como a bebida e as drogas. Com 22 anos, Carolina Miranda, membra da Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de fora afirma que esses artifícios não são necessários para se alegrar: “Em 1º Coríntios 6:12 está escrito: ‘Alguém vai dizer: ‘Eu posso fazer tudo o que quero.’ Pode, sim, mas nem tudo é bom para você. Eu poderia dizer: ‘Posso fazer qualquer coisa.’ Mas não vou deixar que nada me escravize. Nós acreditamos que Jesus é a nossa alegria. Não somos escravos de nada, e não dependemos de mais nada pra ser feliz, porque Ele já nos deu alegria.”


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Essas questões nos levam a refletir o que faz com que os jovens abram mão dos prazeres que o mundo oferece para viver uma vida diferente dos demais. Mas para entender melhor, precisamos nos contextualizar, como explica o evangelista Pedro Felippe: “Penso que antes de qualquer discussão sobre o envolvimento de algum tipo de grupo de pessoas com uma ideologia deve-se entender de que contexto estamos falando. Estamos na pós-modernidade que na verdade, no que tange a conhecimento não está empenhada em fixar uma verdade, mas sim o livre acesso a todas ideologias que cada um prega e pratica.”

“Existe no homem um vazio do tamanho de Deus”

- Dostoiévski

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